Crise desembarca nos portos e movimento fraco causa demissões

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A movimentação na parte final da Via Expressa Baía de Todos os santos (a via exclusiva para o Porto de Salvador) não é tão intensa como se deveria. E não é pra menos. O movimento de embarque e desembarque está em queda e reflete uma situação de crise na economia de uma forma geral, que afeta também os trabalhadores.

Em um ano, dos cerca de 500 funcionários que trabalham no Tecon, o terminal de contêineres do Porto de Salvador, pelo menos 100 já perderam o emprego e não houve reposição no quadro. O porto de Salvador, o maior dos três existentes no Estado – Aratu e Ilhéus – movimentou, até o último dia 31 de julho, 2.279.905 toneladas de cargas, um pouco mais de 50% da movimentação  total registrada em todo o ano passado, que foi de 4.340.745 toneladas, e menor que em igual período de 2014, que foi de 2.342.585 toneladas.

Para o presidente da Codeba – Companhia das Docas do Estado da Bahia, José Muniz Rebouças, a situação é o espelho do atual quadro da economia brasileira. “O porto é o retrato da economia do país e no nosso caso reflete uma crise conjuntural, com, menos carga para exportar e importar”, disse. Ele admite o que chama de desequilíbrio econômico o fato de que tanto no que se refere ao número de navios que atracam nos três portos baianos – Salvador, Aratu e Ilhéus – como no volume de cargas  a uma situação conjuntural que acredita vá melhorar em futuro próximo.

Essa situação, contudo, não tem o mesmo grau de avaliação no Sindicato dos Portuários de Salvador, onde o vice-presidente da entidade, Ulisses Souza Oliveira Junior disse que mais de 100 funcionários que trabalham no Terminal de Conteiner já foram demitidos em um ano. Ulisses lembra que por causa da retração no volume de cargas, os trabalhadores tentam negociar redução da jornada de trabalho e, conseqüentemente dos salários, como forma de manter o emprego, mas não tem otimismo em relação a um futuro próximo.

Demissões
No Brasil, segundo informações do Sindicato Nacional dos Empregados na Administração Portuária, mais de três mil trabalhadores já foram demitidos dos portos brasileiros este ano. Quase a metade no Porto de Santos, que é o maior terminal do país. E não há perspectivas de que estes postos de trabalho venham a ser reabertos nos próximos meses.

Conforme informou o presidente  nacional da entidade,  Everandy Cirino dos Santos, sem melhores perspectivas pára reverter a situação, a categoria pretende entregar ao Ministério dos Portos  documento em que propõe que os trabalhadores portuários sejam integrados ao Programa de Proteção ao Emprego, em que uma das cláusulas é a redução da jornada de trabalho e dos salários. Outra proposta a ser apresentada é o cadastro nacional dos demitidos, para que, numa mudança da economia, eles tenham preferência em caso de recontratação da mão de obra.

Na Bahia, o vice-presidente do Sindicato dos portuários diz que a situação é grave e que as negociações com o setor privado, que administra o terminal de contêiner é difícil. “Tudo decorre da diminuição da atividade portuária, decorrente da crise econômica e nessas condições alguns setores tem optado pela demissão pura e simples dos empregados”, disse. Dos três portos baianos, apenas o de Salvador tem  um terminal específico para contêineres, administrado há mais de 15 anos pela iniciativa privada. A área do Tecon possui 118 mil metros quadrados e capacidade para movimentar 530 mil toneladas por ano.

Situação vai ser debatida em Brasília

Os principais entraves à navegação de cabotagem no país e a proposta de soluções que assegurem menor custo e maior eficiência ao segmento serão apresentadas pela Usuport, em palestra do diretor executivo Paulo Villa, durante 1º Workshop sobre Cabotagem, nesta quarta-feira  em Brasília. O evento é promovido pela Frente Parlamentar Mista de Logística de Transporte e Armazenagem (Frenlog) do Congresso Nacional, comissão integrada por senadores e deputados estaduais de diversas siglas partidárias. Serão quatro painéis que abordarão a regulação, operação e planejamento, pela iniciativa privada e pelo Governo Federal.

Na contramão da crise e diferenciando-se do  conjunto da movimentação de cargas, o primeiro semestre de 2015 as operações de cabotagem do Terminal de Contêineres do Porto de Salvador atingiu um crescimento de 12%, em comparação ao mesmo período do ano anterior. O novo recorde foi impulsionado pela movimentação de 24.016 TEUs, tendo como principal destino o Porto de Santos, para o qual foram embarcados produtos químicos e petroquímicos.

Segundo Demir Lourenço, diretor executivo do Tecon Salvador, as descargas de arroz provenientes do sul do país, polímeros e outros alimentos também contribuíram para o crescimento nestes seis primeiros meses do ano. Estes produtos tiveram um aumento de movimentação de 1%, 150% e 189%, respectivamente. Outro destaque é o embarque de bebidas da Heineken, antes realizado pelo porto de Pecém (CE) e, atualmente, representa 7% do total movimentado na cabotagem neste primeiro semestre.

Para o presidente da Companhia das Docas do Estado da Bahia (Codeba), José Muniz Rebouças, os dados apresentados demonstram o acerto do Tecon em investir na construção de um berço para preferencialmente servir à navegação de cabotagem. O Porto de Salvador é  é o único do país a dispor no seu Terminal de Contêineres de um berço com prioridade para o comércio de navegação interna.

50% da movimentação de 2014 em 7 meses

De janeiro a julho deste ano a movimentação de cargas nos três portos baianos – Salvador, Aratu e Ilhéus – equivale a pouco mais de 50% do total de cargas movimentada em todo o ano passado. Este ano, até 31 de julho, conforme os dados da Companhia das Docas do Estado da Bahia (Codeba) foram 2.279.905 toneladas entre importação e exportação. No ano passado esse número foi de 2.342.585 toneladas no período de janeiro a julho.

Salvador (2015)
Janeiro – 331.440 ton.
Fevereiro – 299.106 ton.
Março – 312.546 ton.
Abril – 337.404 ton.
Maio – 344.895 ton.
Junho – 287.684 ton.
Julho – 367.830 ton.

* Total em 2015 – 2.279.905 ton.
* Total em 2014 (igual período) – 2.342.585 ton.
* Total em 2014 (12 meses) – 4.340.745

Aratu
2015 (jan/jul) – 3.349.758 ton.
2014 (12 meses) –  6.498.198 ton.

Ilhéus
2015 (jan/jul) – 261.266 ton.
2014 (12 meses) –  506.143 ton..

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