BANDEIRAS LIBERTÁRIAS

Paulo Machado é historiador e escritor

Bandeiras tricolores erguidas tremulam dentro do meu peito, e uma chama revolucionária pariu meus ideais, fazendo nascer do peito guerreiro um grito libertário.

A França do século XVIII espantou meus medos, trouxe-me nos olhos a fantasia grandiosa dos libertários clamando pelas ruas do meu peito mais pão, liberdade e dignidade.

Abafei os porões, abri as prisões, lançando fora o medo que batia insistente nas grades do meu íntimo.

Fiz-me portador ideológico de novas utopias, tragando mar, bebendo na taça dos sem voz a água transformada em vinho há mais de 2000 anos atrás.

Ébrio de paz, saí a tropeçar pelas ruas, ouvindo o som de cada porta sendo fechada, o uivo do vento levantando poeira nos becos e vielas da minha pequena cidade, que dormita em mim um sonho incomum lançado no ontem, vencendo anos e séculos, trazendo a tona segredos guardados e largados no tempo.
Ante a necessidade de industrializar o homem fui comungando novas práticas, e os dedos censores de revoluções passadas aquietaram as bandeiras tricolores, fazendo-me inocente útil ante o avançar de ideias canônicas, perpetuadas por homens que embelezam as palavras, mas sepultam as vontades comuns da sua gente.

Agreguei o processo jacobino de triturar, decepar, sem pedir licença, decepando minha própria cabeça ante a guilhotina censora das concepções medievais
Bandeiras tricolores… Minhas bandeiras foram rasgadas, enegrecidas pela censura dos meus próprios atos: negando o poder, matando as vontades, criando disformes espectros no meu falar de censor, depois do riso sarcástico do carrasco guilhotinado, ante a multidão sedenta por sacrifícios.
Revejo minha História, clamando por bandeiras libertárias levantadas no ato simples de tragar no ar uma esperança nova, um desejo constante de em cada reencontro comigo mesmo, levantar nos átrios da minha casa um brinde a vida, ao belo..

Bandeiras tricolores erguidas…. Quem levantará nos palácios do EU o IDE libertário? E quando?

 

PAULO MACHADO

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