Marcha reúne 1.500 indígenas após encontro de tribos

 

Uma grande caminhada indígena, celebrada há 17 anos, reuniu cerca de 1.500 indígenas, das tribos Tupinambá, Pataxó e Pataxó Hã-Hã Hãe, na manhã de domingo, dia 24, em Ilhéus. O evento culminou o encontro das tribos, promovido pelos Tupinambás de Olivença, sob o tema “Em defesa da descriminalização dos povos indígenas”, além da presença de autoridades e populares. Ao todo, 23 comunidades marcharam de Olivença em direção ao Cururupe, à margem da rodovia BA-001, em Memória dos Mártires do Massacre do Rio Cururupe.

O vice-prefeito de Ilhéus e secretário municipal de Planejamento e Desenvolvimento Sustentável, José Nazal Pacheco Soub, representou o governo municipal na manifestação e destacou a importância do apoio institucional em prol da luta indígena. “Essa luta social deve ser pacífica diante das demandas postas pelos indígenas, também negociada e dialogada, visando o direito de cada um”, avaliou.

A comunidade Tupinambá, de Olivença, recebeu, entre os dias 21 a 24 de setembro, representantes das tribos Pataxó e Pataxó Hã-Hã Hãe, vindos de Pau Brasil, Porto Seguro e Coroa Vermelha,  para discutirem a valorização da cultura indígena regional. Este ano, o movimento foi chamado de Mupoíba. Nos dias 21 e 22, o primeiro acampamento dos povos indígenas do sul da Bahia, foi montado na praça Dom Eduardo, no centro histórico da cidade. Entre as manifestações culturais, apresentaram a ‘Tohe Porancy’, dança típica da cultura.

De acordo com Cláudio Tupinambá Magalhães, a visão sobre os índios tem mudado com a posição deles na sociedade atual. “Com o movimento dos próprios indígenas, a partir de suas organizações, temos conseguido se firmar na sociedade e mostrar que ser indígena é fazer parte deste tempo social. Algumas questões mudaram também porque as pessoas que estudam, pesquisam e entram em contato com essa temática, pensam de maneira diferente”, ressaltou.

Assembleia – No sábado, 23, aconteceu uma assembleia do indígena do Sul e Extremo Sul da Bahia, no Colégio Estadual da Aldeia do Acuípe de Baixo, zona rural de Ilhéus. Além do tema “Estratégias para garantir os direitos dos povos indígenas”, discutiu-se a relação da disputa por territórios na maioria dos estados brasileiros, onde ocorreram as maiores batalhas, tendo como consequência a morte de muitos índios, conforme dados do IBGE. Também houve uma mesa redonda entre os caciques, entidades indigenistas, parceiros e aliados. Fechando o ciclo de discussões, uma mesa redonda abordou os desafios dos povos indígenas do sul da Bahia, composta por lideranças das tribos.

Participaram da assembleia, representantes das secretarias de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social e de Educação; da Coordenação de Educação Indígena da Bahia; Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB),  Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), Universidade do Estado da Bahia (Uneb), universidades dos estados do Rio de Janeiro e Pernambuco, além do chefe de Apoio dos Povos Tradicionais de Ilhéus, o cacique Ramon Tupinambá; deputados estaduais, federais e vereadores.

Memória – Segundo a história, os índios já habitavam no Brasil quando os portugueses chegaram em 1500. Desde esta data, o que se viu foi o desrespeito e a diminuição das populações indígenas. De acordo com os centros de pesquisas indígenas, o processo ainda ocorre, pois com a mineração e a exploração dos recursos naturais, muitos povos indígenas estão perdendo suas terras. Em linhas gerais, o preconceito contra a cultura e costumes dos primeiros habitantes desse país, vem desde o Século XVI, com o trabalho dos jesuítas, que promoveu um aculturamento étnico.

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