Febre hemorrágica pode apresentar extrema gravidade e alta letalidade

As febres hemorrágicas provocadas por vírus são um grupo de doenças de origem animal, caracterizadas por febre e manifestações hemorrágicas que podem apresentar extrema gravidade e alta letalidade.

Há registros na literatura científica de quatro casos da doença chamada febre hemorrágica brasileira, causada por um arenavírus da espécie Sabiá. O Ministério da Saúde informou na segunda-feira (20) o registro de um caso confirmado da febre hemorrágica brasileira, causada por um novo vírus 90% similar a esse arenavírus Sabiá.

O caso é de um homem adulto, morador de Sorocaba (SP), e que morreu no dia 11 de janeiro. Seu histórico de viagem inclui Itapeva (SP) e Itaporanga (SP), que são os locais prováveis de infecção, além de Eldorado (SP) e Pariquera-Açu (SP), na região do Vale do Ribeira. Ele não tinha histórico de viagem internacional.

A doença não era registrada no país há mais de 20 anos.

Segundo boletim do Ministério da Saúde, roedores silvestres são o reservatório do arenavírus e, se estiverem cronicamente infectados, podem eliminar o vírus por toda a vida.

A transmissão se dá principalmente por meio da inalação de aerossóis, formados a partir da urina, fezes e saliva de roedores infectados. Também pode ocorrer por meio de mordidas dos bichos.

A transmissão dos arenavírus de pessoa a pessoa pode ocorrer quando há contato muito próximo e prolongado ou em ambientes hospitalares por meio de contato com sangue, urina, fezes, saliva, vômito, sêmen e outras secreções.

O período de incubação, ou seja, entre a exposição do vírus até o início dos sintomas, geralmente é de 6 a 14 dias.

A dengue também pode causar febre hemorrágica, mas o vírus pertence a outra família, dos flavivírus. Os sintomas iniciais da dengue hemorrágica são semelhantes aos da dengue clássica, mas evoluem rapidamente para manifestações hemorrágicas. Os casos típicos são caracterizados por febre alta, fenômenos hemorrágicos, aumento do fígado e insuficiência circulatória.

HISTÓRICO NO BRASIL
Na literatura científica, há descrição de apenas quatro casos humanos de febre hemorrágica brasileira provocados pelo gênero Mammarenavirus.

O primeiro caso ocorreu por infecção natural, ou seja, a partir de um animal, na década de 1990 no estado de São Paulo. Era uma mulher de 25 anos que tinha viajado para Cotia (SP) dez dias antes dos sintomas.

Depois de sua morte, testes imunológicos e virológicos apontaram que se tratava de um novo vírus, da família Arenaviridae, denominado de vírus Sabiá -era o nome do bairro onde a paciente provavelmente se infectou.

Essa primeira infecção deu origem ao segundo caso. Um técnico de laboratório de 39 anos foi infectado acidentalmente, durante o processamento da amostra clínica do primeiro caso. Ele sobreviveu.

Há um terceiro relato de caso de vírus Sabiá ocorrido em ambiente laboratorial dos Estados Unidos, em um virologista que provavelmente se infectou durante análise de amostras.

O quarto caso de vírus Sabiá descrito na literatura ocorreu em 1999 por infecção natural. Trata-se de um paciente de 32 anos que era operador de máquina de grãos de café e morava na área rural do Espírito Santo do Pinhal (SP). Após sete dias de hospitalização, o paciente morreu.

As febres hemorrágicas são doenças que apresentam uma distribuição mundial, de seis famílias:

Arenavírus (febres hemorrágicas dos vírus Junin, Machupo, Guanarito e Sabiá no Brasil e do vírus Lassa na África);

Flavivírus (febre hemorrágica de Omsk, febre da floresta de Kyasanur, dengue hemorrágica/ síndrome de choque do dengue e febre amarela);

Nairovírus (febre hemorrágica do Congo e da Crimeia);

Phenuivírus (febre do Vale Rift);

Hantavírus (febre hemorrágica com síndrome renal por hantavírus e síndrome pulmonar e cardiovascular por hantavírus);

Filovírus (febres hemorrágicas dos vírus Marburg e Ebola).

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *