Setor cacaueiro baiano preparado para retomar liderança na próxima safra

Detentora histórica da maior produção de Cacau do Brasil, a Bahia investe em atualizações da matriz tecnológica que diferenciam nas técnicas de cultivo e produção de amêndoas de qualidade para retomar produção que sofreu com a escassez de chuvas e prejudicaram as safras dos últimos três anos. Atrelada ao manejo agrossocioambiental da região cacaueira e ao maior parque moageiro de amêndoas de cacau do Brasil, a Bahia possui vantagens perante outros estados e mais de 370 mil hectares para ampliar a área de produção.

Com o Parque Tecnológico do Sul da Bahia, o Centro de Inovação do Cacau, na Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc) e a Comissão Executiva de Planejamento da Lavoura Cacaueira (Ceplac), a Bahia sedia o maior centro de pesquisa e tecnologia do cacau, demonstrando a alta capacidade produtiva e domínio tecnológico para desenvolver a cacauicultura no estado. O secretário estadual da Ciência, Tecnologia e Inovação, Vivaldo Mendonça, ficou surpreso com a declaração do diretor científico da Ceplac, em Brasília, que a Bahia não tem condições de ampliar o processo produtivo.

“A Bahia tem, sim, condições de ampliação do processo produtivo. A agenda de expansão está colocada para além da região tradicionalmente produtora de cacau, ampliando para a região oeste. Também estamos em constante diálogo com a Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC) e a Associação Brasileira das Indústrias de Chocolate, Cacau, Balas e Derivados (Abicab), onde defendemos o investimento da indústria no Parque Científico que abriga a Ceplac e reúne as instituições de ensino Uesc [Universidade Estasdual de Santa Cruz], UFSB [Universidade Federal do Sul da Bahia], Ifba [Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia] e Ifbaiano [Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano”.

Para o diretor-geral do Instituto Biofábrica de Cacau, vinculado à Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura da Bahia (Seagri), Lanns Almeida, a retomada da produção é certa para a safra de 2018/2019. “A redução da produção foi pontual, decorrente da seca dos últimos três anos, fazendo a Bahia perder a colocação, o que não quer dizer que o Pará irá se firmar como maior produtor nacional de cacau. Atualmente, a produtividade média é de 12 a 15 arrobas por hectares. Se elevarmos essa média para 45, só com isso a gente consegue restabelecer a produção em mais de 200 mil toneladas de cacau por ano, ultrapassando o estado do Pará e retomando a colocação de maior produtor nacional de cacau”.

A cadeia produtiva do cacau da Bahia possui as melhores condições de incentivo para aumento da área de produção, entre as quais o cultivo consorciado com a conservação da floresta, diminuindo o desmatamento no estado. Lanns reforça que grande parte dos cultivos na Bahia são no Sistema Cabruca, o qual maneja culturas à sombra das árvores nativas da Mata Atlântica, sendo a preservação de suma importância também para fortalecer a tradição cultural dos povos, inclusive muitas das etnias indígenas, assentados rurais e milhares de produtores familiares.

Por ser considerado o superalimento do século, a senadora baiana Lídice da Mata, que defende o setor cacaueiro no Senado, propõe o Projeto de Lei, de sua autoria, que trata do teor mínimo obrigatório de cacau de 35% nos produtos à base de chocolate, como já acontece na Europa e nos Estados Unidos. A Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo do Senado vai discutir o projeto nesta quarta-feira (21), em Brasília, buscando garantir a qualidade do produto final, além da valorização da produção de amêndoas que trata impacto econômico das regiões produtoras de cacau e toda a cadeia produtiva.

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