Ex-ministros da Saúde clamam por plano de vacinação contra Covid com todas as vacinas

Enquanto o Brasil parece ficar para trás na corrida pela vacina, um grupo formado por 11 ex-ministros da Saúde clama para que o governo federal estruture um plano de vacinação com todas as opções que consigam registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Até o momento, o governo brasileiro só firmou acordo com a Universidade de Oxford e o laboratório AstraZeneca para comprar a vacina deles (veja aqui).

 

“O país necessita de um plano sólido, abrangente, que contemple todas as vacinas que consigam registro na Anvisa, sem qualquer tipo de discriminação. E que permita, ao longo do ano de 2021, garantir a vacinação para toda a população brasileira, prevenindo o surgimento de doença grave e suas consequências, reduzindo substancialmente a atual pressão sobre nosso sistema de saúde e garantindo o pleno retorno às atividades econômicas e sociais”, diz um trecho do texto “Vacina para todos já”, assinado pelos ex-ministros Alexandre Padilha, Arthur Chioro, Barjas Negri, Humberto Costa, José Agenor Álvares da Silva, José Gomes Temporão, José Serra, José Saraiva Felipe, Luiz Henrique Mandetta, Marcelo Castro e Nelson Teich. O artigo foi publicado no jornal Folha de S. Paulo na manhã desta quarta-feira (9).

 

No que depender do presidente Jair Bolsonaro, por exemplo, o Brasil não comprará a vacina chinesa. A Coronavac será desenvolvida no Brasil pelo Instituto Butantan, ligado ao governo de São Paulo, e, de acordo com o governador João Doria (PSDB), a campanha de vacinação por lá terá início no dia 25 de janeiro (saiba mais aqui). A vacina em questão, no entanto, ainda não foi liberada pela Anvisa, que nem recebeu a solicitação.

 

De toda forma, o governo federal vem, mais uma vez, sendo criticado pela condução do país em meio à pandemia, já que tem se planejado com apenas uma vacina. No artigo dos ex-ministros, eles afirmam que o Brasil possui “um dos melhores e mais abrangentes programas de imunizações do mundo”, bem-sucedido em casos recentes como a vacinação contra o H1N1 em 2010 e a erradicação da rubéola no mesmo ano.

 

“Essa capacidade endógena na produção de imunizantes, que reduz nossa dependência do exterior e garante altas coberturas vacinais, foi construída a partir de uma visão estratégica de distintos governos com parcerias de transferência de tecnologia entre laboratórios públicos e empresas multinacionais do setor farmacêutico. Inovamos também na nossa capacidade logística, que nos permite dispor de milhares de pontos de vacinação em todo o território nacional e de mobilizar milhares de profissionais plenamente capacitados na organização e execução de campanhas de vacinação em massa. Infelizmente, todo esse acúmulo de competências está sendo colocado em risco pela desastrada e ineficiente condução do Ministério da Saúde em relação à estratégia brasileira de vacinação da população contra a Covid-19”, criticam os ex-ministros.

 

O atual chefe da pasta é o general Eduardo Pazuello, também cobrado pelos governadores (veja aqui). O secretário de Saúde da Bahia, Fábio Vilas-Boas, comentou o artigo, que classificou como um “posicionamento forte de todos os ex-ministros da saúde ainda vivos”. (Atualizada às 7h21)

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