Na sessão legislativa de ontem, o prefeito Mário Alexandre (PSD) e as empresas Viametro e São Miguel conseguiram extinguir a Comissão Especial de Inquérito (CEI) que se propunha a investigar o subsídio milionário, no valor de R$ 17 milhões, pago pelo município às concessionárias do transporte coletivo.
A manobra que atentou contra a expectativa popular teve o consentimento de 14 vereadores.
As empresas de transporte coletivo urbano mandam em Ilhéus há muito tempo.
O alcance dos tentáculos da Viametro e da São Miguel é tão grande, que consegue calar até mesmo algumas vozes da oposição.
O serviço “Transporte Cidadão”, criado em 2.000 no segundo governo do ex-prefeito Jabes Ribeiro (PP), atendia deficientes físicos que têm grande dificuldade para se deslocar até os pontos de ônibus. Apesar do subsídio milionário pago pelo prefeito Marão à Viametro e à São Miguel, o serviço foi extinto.
O criador do Transporte Cidadão e ex-prefeito, Jabes Ribeiro, nunca falou sobre o assunto. A Associação dos Deficientes Físicos de Ilhéus (ADEFI) também não se pronuncia.
Como as empresas conseguem quase tudo o que querem (perdem apenas para os aplicativos UBER e 99 e a insistência guerreira dos motoristas de lotação), só uma grande revolta popular poderá resolver o problema.
Como o ilheense típico é muito tranquilo, é provável que tudo permaneça como está: ônibus velhos e quebrados, linhas irregulares e intermitentes, elevadores hidráulicos danificados, elevação do valor da tarifa e maus-tratos com a população da zona rural.